Quero pedir empréstimo ao banco para a minha empresa - Qual o meu Debt-to‑EBITDA?
Se estás a pensar pedir crédito para a tua empresa, para investir, expandir ou apenas manter liquidez, é crucial saberes como os bancos te avaliam. Um dos indicadores que costuma pesar bastante nessa decisão é o Debt-to-EBITDA. Mas antes disso, convém ver outras formas de captar capital, e entender o que os bancos realmente procuram.
Vamos a isso!
Alternativas ao crédito bancário
Pedir financiamento ao banco é muitas vezes a primeira opção, mas não é a única. Dependendo do teu perfil, setor e ambição, podes considerar:
Abertura de capital / entrada de novos sócios: cedes participação em troca de capital.
Leasing (locação financeira): para bens (máquinas, viaturas, equipamentos), em vez de comprar diretamente.
Emissão de obrigações: em casos mais sofisticados, empresas maiores podem emitir dívida para investidores.
Descontos, letras, factoring, etc: modalidades mais curtas de crédito de curto prazo ou antecipação de recebíveis.
Todas estas opções têm vantagens e desvantagens, custo, prazo, flexibilidade, e muitas vezes podem complementar um crédito bancário ou mesmo substituir parte dele.
O processo de análise bancária
Quando vais ao banco pedir crédito, não basta mostrar que queres investir: o banco vai querer assegurar-se de que a tua empresa pode suportar esse endividamento. Eles vão olhar para:
Histórico financeiro e resultados
Lucros, margens, consistência dos resultados (não apenas anos bons isolados).Fluxo de caixa / capacidade operacional de gerar dinheiro
Que parte do EBITDA é realmente convertida em cash disponível para pagar dívida.Garantias / colaterais
Imóveis, terrenos, equipamentos, penhores, hipotecas etc.Estrutura de capital e endividamento existente
Quanto já deves, prazos, taxas.Perspectivas do setor e projeto que vai financiar
Risco do mercado imobiliário, estabilidade da procura, condições macroeconómicas.Indicadores-chave de solvabilidade e cobertura
E aqui entra o Debt-to-EBITDA.
Debt-to‑EBITDA: o que é, como calcular e o que revela
Definição
O rácio Debt-to‑EBITDA indica quantos anos seriam necessários para pagar toda a dívida financeira da empresa, assumindo que todo o EBITDA fosse usado para isso.Cálculo
Debt to EBITDA = Divida Financeira (ou dívida líquida) / EBITDA
(Se por “dívida líquida”, subtrai-se caixa disponível antes de usar no numerador).
Interpretação / referências gerais
Se o rácio for inferior a 2 anos, considera-se que a empresa está num nível muito saudável.
Se for superior a 3,5 anos, já é um sinal de alerta: estás a depender muito do fluxo operacional para suportar a dívida.
Entre 2 e 3,5 anos é uma zona de “atenção”, dependendo da estabilidade da empresa e do setor.
Nota que estes limiares não são regras rígidas, tudo depende do risco do negócio, histórico e garantias.
Exemplo prático
Imagina uma empresa de construção focada em reabilitações:
Dívida financeira total: 1.200.000 €
Caixa disponível: 200.000 €
EBITDA anual (antes de juro, impostos, amortizações): 400.000 €
Se usarmos dívida líquida (1.200.000 – 200.000 = 1.000.000 €):
Debt-to-EBITDA = 1.000.000 / 400.000 = 2,5 anos
Esse valor indica que, com o EBITDA atual, seriam necessários 2,5 anos para pagar toda a dívida, um rácio aceitável em muitos casos, embora não ótimo. Será crítico para o banco ver se esse EBITDA é sustentável.
Se, por outro lado, o rácio fosse 4 ou 5 anos, o banco irá procurar garantias ou exigir condições mais apertadas.
Como melhorar o teu perfil para ser financiado
Se o teu Debt-to-EBITDA estiver alto demais ou te preocupares com a apreciação que o banco fará, podes intervir:
Reestruturar dívida existente: alongar prazos, negociar taxas mais baixas.
Amortizar dívida: onde possível, reduzindo o numerador do rácio.
Melhorar EBITDA: aumentar receita, reduzir custos fixos.
Introduzir capital novo ou reservas acumuladas: reforço dos capitais próprios ajuda a equilibrar estrutura.
Escolher projetos com menor risco ou retorno mais previsível: evitar começar com projetos especulativos se o perfil de crédito não for forte ainda.
Usar garantias fortes: imóveis ou ativos bem valorizados podem mitigar o risco para o banco.
Conclusão
Se vais pedir empréstimo bancário para a tua empresa, especialmente no setor imobiliário, saber qual é o teu Debt-to‑EBITDA é quase tão importante quanto ter um projeto bem desenhado.
Se esse rácio é baixo (< 2), tens margem de negociação.
Se está elevado (> 3,5), tens de fortalecer o perfil antes de pedir.
O banco vai usar esse indicador como sinal de que podes ou não assumir mais dívida com segurança.

